Vida de Pedro & Carolina

Tenho pensando que esse blog poderia mudar de nome para : aventuras de uma mãe-coruja na Cidade Maravilhosa!
Hoje é dia de natação , o que significa que temos que acordar no estilo pular-da-cama, tomar café, arrumar as coisas e sair correndo rapidinho para a escola. Tudo nessa ordem e sem muitas pausas no meio do caminho pois se não...chegamos realmente atrasados e não realizamos a nossa missão com sucesso rs!
E Pedro está ligando para a contagem ansiosa do relógio do mundo adulto?
Que nada! O nosso pequeno rapaz de olhos brilhantes e sorriso gostoso, levanta da cama e já vai direito para o aconchego do seu sofá favorito, liga a TV, assiste os seus desenhos matinais queridos, tomando o seu leitinho de morango em uma velocidade digamos assim....em uma velocidade bem lenta e tranquila como se não tivéssemos pressa para nada! Desconfio que o sangue baiano da parte do avô paterno corre em suas veias, o menino gosta que se enrosca de ficar estirado, de perna para o ar, bem relaxadão, fazendo carinho no seu cobertor azul, em uma preguiça tão leve e gostosa que a minha vontade era me entregar nessa moleza boa também.
Depois do leite tomado, Pedro começa a sua caça aos brinquedos. E como todo bom taurino que se preza, o nosso filhote adora a sua casa e todas as coisas tão legais que fazem parte dela.
A aula de natação começava ás 9:45 em ponto.
As 8:30 a arca da sala já tinha se transformado em uma gigante exposição de brinquedos.
Eram quebra-cabeças muito bem armados e estirados como um grande tapete colorido, soldadinhos de plástico todos enfileirados e prontos para o combate, uma nova fila ao redor dos soldados com os bonequinhos de chumbo ( que foram do Papai algum dia e agora são a nova paixão do Pedro!), mais os bonecos da coleção da Guerra nas Estrelas, presente de aniversário e haja bonequinhos para tanta brincadeira. A imaginação voa longe e as horas vão embora como nuvens de algodão no céu e quem disse que Pepucho anseia abandonar a diversão para partirmos para a aula de natação.
Depois de tê-lo chamado mais de mil e uma vezes e ter escutado o clássico:
- Só mais cinco minutos, só mais um pouquinho, manhêeeeeee!
Olhei para o relógio, vi que já tinha começado a natação e falei para o Pedro que agora só iríamos para a aula de Inglês porque ele tinha perdido a hora. Foi só eu dizer isso para ele abrir o chororó, super sensível e magoadíssimo de não ir na aula de natação...Posso?
Então como mãe já nasceu com a alma desbobrável lá fomos nós em uma corrida louca para a escola com a intenção do Pedro conseguir pelo menos dar um mergulho!
Chegamos na escola, a aula já tinha acabado, olhei para a carinha do Pedro todo decepcionado e fui falar com o professor que já estava quase saíndo da água.
Como esse moleque é sortudo para caramba, o " Tio" Marcelo deu uma trégua para ele e em segundos o nosso peixinho de água doce já estava dando os seus mergulhos. Pedro ficou brincando na água feliz da vida como se fosse a sua aula mais que favorita e agora tenho certeza que na segunda-feira ao meu primeiro chamado, ele vai rapidinho se arrumar para não perdemos a aula.
Vida de mãe tem mais ação que qualquer filme de suspense e como diria minha poeta favorita:
mulher é desdobrável!


Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.
Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou.

( Adélia Prado)